domingo, 21 de março de 2010

Vamos a luta sempre
A greve dos professores continua.
No dia 05 de março de 2010 a categoria deflagrou a grande greve do magistério público de São Paulo, levando milhares de educadores (as) a realizarem atos, assembléias, passeatas, carreatas e comando de greve, além do maciço comparecimento ao Centro Financeiro do País na Avenida Paulista, Capital de São Paulo.
O Secretário de Educação Paulo Renato e o Governador José Serra usam de artifícios para não reconherecerem a greve dos professores, tentando descaracterizá-la, aprofundando a invisibilidade da educação e dos educadores ao longo de seus governos. Reconhecer a força e a visibilidade do movimento é reconhecer o seu próprio limite e o reflexo da incompetência e inabilidade das sucessivas gestões tucanos frente ao governo do Estado.
Na primeira assembléia, participaram aproximadamente 10 mil professores e nas duas assembléias subseqüentes o número chegou a 40 e 60 mil professores em greve protestando.
Na assembléia de 19 de março de 2010, foi aprovada a continuidade da greve por tempo indeterminado e a próxima manifestação será no dia 26 de março no Palácio dos Bandeirantes.
Milhares de pessoas tomaram as ruas da cidade e a recepção era visível, com papel picado lançado dos prédios, além da plasticidade do movimento que sempre se transforma em uma grande e verdadeira aula pública e espetáculo que causa inveja às aulas da Grécia Antiga, realizadas sempre nas Ágoras.
O período da grave é um período de estabelecimento implantação de conflitos e interesses vivos da luta de classe.
Vários argumentos tentam desconstruir a greve e o mais freqüente é o de que a greve não arranca conquistas.
A estratégia do governo tem sido a nossa fragmentação em várias categorias, com Efetivo, OFAs e Subcategorias: Efetivo aprovado, efetivo reprovados, OFAs aprovados e reprovados além de outras.
Até pouco tempo o ataque era sobre os OFAs, mas com a prova de mérito, os efetivos possivelmente serão reclassificados para fim de atribuição de aulas através da nota obtida nas respectivas prova, uma vez que para o governo a “carreira inexiste”.
Como podemos observar, quem luta sempre conquista, impõe respeito e pauta o governo no âmbito da educação do Estadual.
A experiência demonstra que nos anos em que ficamos inertes, sofremos derrotas, perdemos conquistas, acarretando prejuízo na qualidade de ensino, condições de trabalho e na valorização profissional. A nossa pauta de reivindicação expressa a nossa repulsa ao conjunto dos ataques que o governo vem desferindo sobre a nossa categoria no estado de São Paulo, após um ano sem grandes enfrentamentos ou greve.
Convém ainda registrar que a uma greve contêm pelo menos dois objetivos fundamentais, quais sejam:
1- Garantir as conquistas que levou ou motivou os educadores a deflagração do movimento grevista. Num processo de negociação nem sempre a pauta é atendida por inteiro, uma vez que o percentual das conquistas reflete o grau de mobilização e o impacto decorrente do movimento em si.
2- Para além das conquistas constantes da nossa pauta, o caráter político/ideológico de uma greve também é fundamental, pois no confronto capital/trabalho, patrão/empregado, “opressor/oprimidos”, a construção tática do movimento deve ter por objetivo politizar, questionar, quebrar e criar novos paradigmas educacionais e estruturais, ligando as lutas imediatas da categoria, às lutas estratégicas de ruptura com o Capitalismo, rumo a construção de uma sociedade Socialista Libertária. Uma greve, resguardada as devidas proporções é o preâmbulo de uma guerra.
Dialeticamente, uma greve é um momento privilegiado de profundas mudanças e transformações nos corações e mentes dos lutadores e lutadoras, que ousadamente desafiam, enfrentam as estruturas opressoras do capitalismo, indicando seu limite e esgotamento do ponto de vista da classe trabalhadora, apontando ainda os rumo e urgência da construção de uma nova sociedade Socialista.
Por esses e outros motivos, a greve continua firme, unida e organizada, provocando questionamentos éticos, políticos/eleitorais e revolucionários.
A nossa pauta de reivindicação é: reposição de 34,3%, pois de 100 reais que os professores ganhavam em 1998, hoje só valem 65,7 reais; revogação das Leis 1093/09, 1094/09 e 1097/09 (causadoras da demissão e precarização do trabalho de milhares de professores e congelamento salarial de 95% da categoria).
Melhoria das condições de trabalho: redução do número de alunos para no máximo 25 em sala de aula; instalação e funcionamento imediato de bibliotecas, salas de informática e aumento no número de funcionários e reais condições de trabalho, tais como: café, água, estacionamento gratuito, alimentação e creche para os filhos das trabalhadoras e trabalhadores, entre outros.
Na terceira semana de greve não há espaço para vacilações, retrocessos, “pelegagem” ou traição de classe. Sua dúvida deve se transformar em certeza, seu medo deve se transformar em coragem, seus questionamentos em verdades e a nossa escravidão em liberdade sem fim. A luta sempre.
Em Tempo: A “velha guarda” da categoria se recorda e carrega na memória e na carne as marcas da grande e inesquecível greve de 1993, a mais radicalizada e politizada da história do magistério do Estado de São Paulo.

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